Garagem cada vez mais valiosa
Kênio de Souza Pereira
Nas grandes cidades do Brasil uma vaga de garagem tem atingido o preço de até R$ 30 mil, em razão da raridade/ dificuldade no local e do interesse do comprador. Diante do aumento da procura por imóveis com mais vagas, sua quantidade tem sido determinante para facilitar a comercialização. Num bairro mais simples, uma vaga de garagem gira em torno de R$ 10 mil, mas a sua falta num apartamento pode fazer seu preço cair em até 25%, já que a maioria das famílias tem carro. A vaga de garagem tende a ser mais valorizada. Em Manhattan, NovaYork, uma vaga chega a custar US$ 225 mil, em torno de R$ 24 mil o metro quadrado sem janelas, paredes ou vista. Por tal valor compra- se em Houston uma casa de três quartos com sala de jogos, escritório e piscina. Em Boston, uma vaga pode custar até US$ 175 mil e, em Chicago, US$ 75 mil. Assim, caso permaneça este crescimento de venda de automóveis no Brasil, a tendência é que as vagas de garagens sejam cada vez mais valorizadas. Pesquisas comprovam que o primeiro desejo do brasileiro não é a casa própria e, sim, o carro, que aumenta a liberdade de ir e vir. Segurança Após conquistar esse sonho surge uma preocupação. O grande risco de deixar o automóvel na rua. Atualmente, o principal objeto de roubo de acessórios são os espelhos retrovisores que chegam a custar, cada um, em carro nacional, R$ 2.500, e de uma Mercedes, R$ 8 mil. Um apartamento de quatro quartos com apenas uma vaga tem seu preço depreciado em até 20%. Se o apartamento ou sala tiver uma vaga irregular, onde há discussões entre vizinhos no prédio, sua depreciação é enorme. Tal situação gera desgastes que afetam a saúde de qualquer um, sendo comum motivar a mudança daquele que aprecia a paz. Muitos são os registros de agressões e até tragédias em condomínios por falta de habilidade em resolver polêmicas sobre o uso dessa área comum. Os atritos na garagem ocorrem especialmente nos edifícios antigos, onde o construtor vendia vagas inexistentes. Há algumas décadas, um edifício com 30 apartamentos era vendido com 30 vagas, mas na realidade comportava 25 carros. Na década de 60/70, os compradores não percebiam o problema pois eram poucos os moradores que tinham carro e, assim, era comum sobrar espaço. Outro problema rotineiro era o construtor vender os apartamentos com vagas indefinidas e, ao entregar o prédio, os primeiros moradores escolhiam as melhores vagas, ficando os últimos moradores com vagas piores ou até inviáveis de serem utilizadas. Há casos em que a construtora pode vir a ser condenada em juízo a indenizar pela falha no projeto ou pela venda do que não existe realmente. Solução A maioria desses problemas tem solução e cabe ao síndico buscar orientação técnica que, certamente, irá melhorar a convivência e valorizar todas as unidades. Às vezes, a instalação de paletes ou execução de uma obra cria novas vagas. Nesse caso, caberá a todos os proprietários, sem exceção, pagar a taxa extra necessária à criação de novas vagas, quando o problema for defeito de edificação e o condomínio tiver "dormido no ponto" e perdido o direito de acionar a construtora em decorrência da prescrição. A solução definitiva deve sempre ser acompanhada do registro na alteração da convenção no Cartório de Registro de Imóveis, que constará a nova regulamentação para evitar dúvidas e que dê tranqüilidade a todos os usuários.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
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